No adulto, cerca de 98% do cálcio está localizado nos ossos, principalmente sob a forma de hidroxiapatita, uma rede composta por cálcio e fósforo. O restante, cerca de 2%, encontra-se no fluido extracelular e em outros tecidos, principalmente no músculo esquelético. O íon cálcio está entre os principais componentes minerais do organismo e desempenha um papel fundamental na mineralização óssea. Além disso, ele atua juntamente com a vitamina K, nos sistema circulatório, auxiliando na coagulação do sangue. Ele age influenciando na ação do lab-fermento e coordena as ações do sódio e do potássio, na contração muscular do coração.
Hipercalcemia é a existência de uma concentração de cálcio sérico total acima de 10,5 mg/decilitro de sangue .A elevação do Ca²+ plasmático é um problema potencialmente sério que pode levar à enfermidade renal, arritmias cardíacas e mau estado geral. A hipercalcemia pode ser causada pelo aumento da absorção gastrointestinal ou por um aumento da ingestão de cálcio. As pessoas que ingerem grandes quantidades de cálcio como por vezes acontecem no caso daquelas que têm úlceras pépticas e que tomam leite e antiácidos que contêm cálcio, podem desenvolver uma hipercalcemia. Uma sobredose de vitamina D também pode afetar a concentração de cálcio no sangue ao aumentar de forma exagerada a absorção de cálcio procedente do trato gastrointestinal. Contudo, a causa mais freqüente da hipercalcemia é o hiperparatiroidismo, a secreção excessiva de hormonas paratiróides por uma ou mais das quatro glândulas paratiróides. Aproximadamente 90 % das pessoas com hiperparatiroidismo primário, têm um tumor benigno (adenoma) numa destas pequenas glândulas. Nos 10 % restantes, as glândulas simplesmente hipertrofiam-se e produzem demasiada hormona. Em alguns casos raros o cancro das glândulas paratiróides é a causa do hiperparatiroidismo.
O hiperparatiroidismo é mais freqüente nas mulheres do que nos homens e desenvolve-se com maior freqüência nas pessoas adultas e nas que receberam tratamento com radioterapia no pescoço. Por vezes, o hiperparatiroidismo ocorre como parte da síndrome de neoplasia endócrina múltipla (uma doença hereditária muito pouco freqüente).
O hiperparatiroidismo é mais freqüente nas mulheres do que nos homens e desenvolve-se com maior freqüência nas pessoas adultas e nas que receberam tratamento com radioterapia no pescoço. Por vezes, o hiperparatiroidismo ocorre como parte da síndrome de neoplasia endócrina múltipla (uma doença hereditária muito pouco freqüente).
A hipercalcemia é provavelmente a síndrome paraneoplásica encontrada com maior freqüência; uma hipercalcemia francamente sintomática está na maioria das vezes relacionada com alguma forma de câncer em vez de hiperparatiroidismo. Dois processos gerais estão envolvidos na hipercalcemia associada com o câncer: (1) osteólise induzida pelo câncer, seja primária do osso, como no mieloma múltiplo ou metastásico para o osso de qualquer lesão primária, e (2) a produção de substâncias calcêmicas humorais por neoplasmas extraósseos. A hipercalcemia causada por metástases de esqueleto não é uma síndrome paraneoplásica.
O quadro clínico de hipercalcemia pode incluir sintomas gastrointestinais (obstipação intestinal, anorexia, náuseas, vômitos, úlcera péptica), poliúria, polidipsia, encurtamento do intervalo QT no ECG, etc. Os sintomas de hipercalcemia, independentemente da causa, estão relacionados ao nível e ao tempo de instalação da hipercalcemia. A maioria dos pacientes dificilmente apresenta os sintomas descritos acima com calcemia inferior a 12 mg/dL. Entretanto, pacientes com calcemia superior a 14 mg/dL geralmente são sintomáticos.
O tratamento depende da amplitude e das causas do aumento da concentração de cálcio no sangue. Se a concentração de cálcio não for superior a 11,5 mg por decilitro de sangue, muitas vezes é suficiente a correção da causa de base. Aconselha-se habitualmente às pessoas com um funcionamento renal normal e que têm tendência para desenvolver hipercalcemia que bebam muitos líquidos, o que estimula os rins para excretar o cálcio e ajuda a prevenir a desidratação. Quando a concentração de cálcio é muito elevada (superior a 15 mg por decilitro de sangue) ou quando aparecem sintomas de disfunção cerebral, dão-se líquidos por via endovenosa sempre que o funcionamento renal for normal. Os diuréticos como a furosemida aumentam a excreção renal de cálcio e são o pilar fundamental do tratamento. A diálise é um tratamento fiável, seguro e altamente eficaz, mas em geral reserva-se para quem sofre de uma hipercalcemia grave que não pode ser tratada por outros métodos.
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